Translate

sábado, 28 de dezembro de 2013

A ORAÇÃO DA MADRUGADA



Deitei a noite ensolarada pelo calor do dia
Aos pés da cama, os que um dia foram vigias
De um lado Jr., um pequeno poodle, hoje surdo
Do outro, a amável Dara, poodle, hoje cega
Os guardas de outrora que tudo escutavam
Tudo viam, que para tudo latiam, ali ao lado
Sem perceberem a tempestade e os trovões
A chuva tórrida que me chamou, me acordou

Saí na nítida impressão de que deveria orar
Saí do quarto, meio sem entender porque 
Dizendo a Deus, Senhor! não tenho o que falar
Se me ajudares e se me abrires o ouvir, quem sabe?
Talvez escute e se me abrires a mente, quem sabe?
Talvez entenda e enquanto pensava, ouvi um som
Uma porta sendo arranhada, por Fred, o Lhasa
Ele estava assustado, molhado, tremendo de frio

Totalmente contrário aos meus costumes, sorri
Não era Deus, era o Lhasa, o Fred chamando
Peguei-o no colo, contrariando meus costumes
Com o secador de cabelos em mãos, sequei-o
Escovei-o brandamente a medida que o secava
Perfumei-o com o meu próprio desodorante
Levei-o ao quarto de meu filho e ele aquietou-se

Ainda sorrindo, dando uma olhada pela janela
Shanaia, a Rottweiler, latiu, quer um biscoitinho
Como é do meu costume, neguei, disse não
Você não precisa, não pode ficar gorda, feia
Fui pensando em tomar um banho relaxante
Achando graça da madrugada bem diferente
Pensando na oração, que afinal, "não aconteceu"
No semblante do Fred, todo molhado me chamando

Então, ainda a caminho do banho
Ouvi a suave voz de Deus que me disse:
Márcio, vigia e cuida, é o que espero de você
Vigia e zela, estende a mão e cura

Nenhum comentário:

Postar um comentário