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sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Que droga? Que droga!

Evandro Limongi Marques de Abreu é meu amigo de infância e é lógico que não se preserva uma amizade de infância sem que tenhamos admiração e confiança, é meu convidado a fazer parte do time que vai dividir comigo mensagens cristãs para nossa reflexão, hoje iniciamos com ele uma reflexão sobre o tema "DROGAS".

Obrigado Evandro

Márcio Monteiro

Que droga!

Ouve-se, fala-se, pensa-se, e também se lê - como agora - a locução interjetiva acima, que expressa insatisfação, desagrado, inconformidade, com algo e algo ruim, muito ruim, certamente! Droga sempre se acha em associação a alguma coisa negativa, ainda que depois se chegue a um resultado esperado, satisfatório. Um exemplo: o medicamento que combate dada enfermidade. Trata-se de uma droga (princípio ativo). E aí, pergunto: já leu a bula? Advertências, reações adversas, efeitos colaterais Mas não era para curar? Bem, a rigor é.

O remédio é droga lícita, muitas vezes; outras, não: sofrem restrições, controle. O álcool é lícito, tal qual o tabaco. Ambos pagam tributos, regulamentados que são. A maconha, por exemplo, é ilícita. E o betacaroteno (isso mesmo, aquele da cenoura, da abóbora)? E quando ele é utilizado (ingerido) com fins estéticos, para bronzear? Carboidratos estão presentes em nossa alimentação, e engordam, e podem fazer mal; viciam, da mesmo modo que chocolate, café e coca-cola (cafeína, também nos energéticos que prometem dar asas).

Sabe a diferença de um comedor abusivo de massudas cozinhas-de-galinha, de um chocólatra, de um bebedor exagerado de álcool (o médico me mandou tomar um cálice de vinho tinto seco por dia, por causa do colesterol), para um maconheiro? Pense. Somos todos adictos, comandados ou auxiliados, por algo, ligados a alguma coisa, até mesmo trabalho (que nos afasta da família e amigos), e aquele inocente Rivotril, cotidiano, companheirão, difícil de abandonar, para conciliar seu sono um tanto quanto conturbado.

Tudo isso, acreditem, para falar de amor e solidariedade. Se a Novidade não é para o maconheiro, por exemplo, não é para todos. Se fazemos julgamento apriorístico e moral do cocainômano, então tal moral encobriu a Boa Nova. Se o tomado pelo crack não nos comove, onde foi parar a Luz que dizemos nos iluminar o caminho? Se não nos convertemos em graciosos mentirosos, não escolhemos, não selecionamos objetos assépticos e dignos de receber a Palavra, mas somos guiados pelo Espírito, o único que é Santo.

Busca a droga, qualquer uma, quem encontra dificuldade em viver a vida, simplesmente isso, não suportando vazios e ausências de sentido, não encarando sem fantasias o que espanta, não fazendo da angústia produção, o que não é para qualquer um, convenhamos, pois envolve Fé e Desejo. Demonizadas, há drogas que são objeto de lucro escuso de quem se faz de fornecedor do mal para mais mal ainda. Por que não sugerir, apoiar e colaborar com políticas públicas e alternativas que traduzam evangelicidade autêntica e radical? Algo a se considerar com toda a seriedade, não? Corpo e alma.

A pior droga hoje a assolar comunidades de fé é aquela que não nos deixa ver o sofrimento do próximo - o narcisismo cristão -, de deletérios e nocivos efeitos sobre grande parte dos que lavaram suas vestes no sangue do Cordeiro e que, por isso mesmo, preferem não correr o risco de uma nodoazinha ao contato com a gente emporcalhada pela desgraça do mundo. Chamados a socorrê-los, só corremos deles! E aí, aí sim, há pecado!!!

E o pecado também é uma droga. Ainda bem que Ele nos tratou de forma diferente. Façamos o mesmo aos demais!


Evandro Limongi Marques de Abreu

Bacharel em teologia; bacharel e mestre em direito; advogado, professor, psicanalista.

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